Recentemente encontrei na Internet um artigo interessante, se bem que um tanto
cético, intitulado: "Uma epidemia de gratidão". O subtítulo era: "Nosso mundo
está inundado de gratidão, em grande parte insincera"
(www.associatedcontent.com). O autor concluía que, "de longe a maior parte do
que passa por gratidão, nos dias de hoje, não é como um artigo genuíno, mas
sim um fac-símile, e de má qualidade".
Quer essa avaliação seja ou não inteiramente precisa, podemos ser gratos pelo
fato de ela estimular nosso pensamento de forma tão direta. Ela nos convida a
refletir sobre o que constitui a gratidão, especialmente nesta época de
celebrações do Dia de Ação de Graças. Afinal, se desejarmos dar graças, tanto
em casa quanto em nossas igrejas, queremos com toda certeza que esse desejo
seja sincero!
Talvez o presidente americano John F. Kennedy tenha identificado isso quando
disse: "Ao expressarmos nossa gratidão, não devemos nos esquecer de que o
agradecimento mais elevado não é proferir palavras, mas viver de acordo com
elas".
Palavras de gratidão significam muito
quando sustentadas por uma vida norteada pela gratidão
Essa declaração reproduz um pensamento inerente à Ciência Cristã, ou seja, de
que a gratidão não é meramente uma questão de palavras, mas um caminho a ser
trilhado. Como Mary Baker Eddy O colocou: "A gratidão é muito mais do que uma
expressão verbal de agradecimento. Os atos exprimem mais gratidão do que as
palavras" (Ciência e Saúde, p.
3).
Isso não significa que expressar gratidão não seja apropriado. Entretanto, da
mesma forma que a moeda corrente de uma nação tem de ser sustentada por algo
que lhe dê valor, assim também as palavras de gratidão significam muito quando
sustentadas por uma vida norteada pela gratidão.
O hábito de ser grato pode incluir gratidão por tudo, desde a forma como a luz
do sol se reflete na gota do orvalho da manhã, a uma boa conversa com um amigo
querido, estendendo-se até a coisas maiores, tais como a cura de um
relacionamento ou os passos dados em direção à paz entre facções em guerra.
A gratidão abre nosso coração à inspiração
que a Mente divina transmite continuamente
Contudo, a gratidão vai realmente muito mais além do que a valorização humana
por essas coisas; ela vai até uma vida de consciente obediência à fonte de
todo o bem, Deus. Como Mary Baker Eddy observou: "O culto exterior não é, por
si só, suficiente para expressar gratidão leal e profunda, pois ele [Jesus]
disse: 'Se me amais, guardareis os meus mandamentos“' (Ciência
e Saúde, p. 4). No coração que
se inclina para a espiritualidade, essa gratidão, sentida de forma profunda,
se elevará naturalmente muito acima da beleza e bênçãos temporais, até à
gratidão por tudo que Deus é e faz, ou seja, Seu terno amor intrínseco e
todopoderoso, e seu efeito sanador.
A gratidão não é meramente uma questão de boas maneiras, mas um poder para o
bem. Muitas pessoas em necessidade, aqueles que sofrem de doença, pobreza ou
solidão, por exemplo, descobriram que a gratidão é um passo decisivo rumo à
cura. Em alguns casos, apenas o "passo gratidão" já traz a mudança necessária.
De uma maneira ou de outra, a gratidão, como Jesus indicou nos casos em que
ele dava graças antes da
cura ou que a mudança transformadora tivesse aparecido, não pode estar
atrelada somente ao recebimento do bem que achamos que necessitamos.
Isso se dá porque a ingratidão, a impaciência que nos deixa aflitos porque
ainda não vimos a prova da bênção de Deus, tende a obscurecer a resposta que
Deus já está
apresentando, mesmo antes de pedirmos. Ao contrário, a cada momento a gratidão
abre nosso coração à inspiração que a Mente divina sempre nos transmite, como
também ao progresso humano prático que inevitavelmente acompanha a cura.
A natureza espiritual verdadeira de todos
nós inclui gratidão incondicional a Deus
A prática da cura pela Ciência Cristã é inconcebível sem a
gratidão. A ingratidão no coração de um sanador não pode elevar seu próprio
pensamento ou o de outra pessoa rumo à transformação espiritual e ao alívio
prático, mais do que uma alavanca pode erguer um peso sem um ponto de apoio. A
gratidão daquele que cura frequentemente ajuda a lançar luz sobre a
necessidade de gratidão no coração de quem está em busca de cura.
Como o escritor britânico Robert Holden expõe de forma maravilhosa em seu
livro: Hello
Happiness (Olá Felicidade): "Antes
de praticarmos a gratidão, estamos no escuro e parece que há muito pouco para
sermos gratos. Contudo, assim que começamos a praticar a gratidão, uma nova
luz desponta, por vezes, uma luz brilhante, uma luz tão radiante como o
próprio céu". Essa luz celestial é a luz do Cristo (a influência harmoniosa de
Deus na consciência humana), e ela toca nosso pensamento com poder sanador.
Que neste dia de Ação de Graças, nos lembremos de dar graças, de forma sincera
e profunda, pelo fato de que a verdadeira natureza espiritual de todos nós
inclui a gratidão incondicional a Deus e o resultado inevitável da gratidão é:
alegria inabalável!
Tony
Lobl é Praticista da Ciência Cristã em Surrey, Inglaterra.